O Amor

Como descrever o momento completo?

A ofuscada busca pelo eterno, pelo que é perfeito, sagrado e quase utópico, da felicidade, cega o bom viajante do seu caminho.

A minha vida por isso, por me sentir parte de algo superior a mim em algo tão simples quanto uma emoção.

Porque a vida é o somatório das emoções que temos,
das vivências que experienciamos;
que sejam estas, então, sempre algo superior a nós,
que sejam belas e perfeitas e eternas e sagradas e quase utópicas.

Que seja tudo aquilo que é suposto serem;
que me façam chorar com um simples toque,
que, com uma palavra, sinta todas as texturas da alma- não só da minha, mas de algo maior-
que, com um suspiro valha a troca da minha existência, a cada passo a cada olhar, a cada conversa a cada instante.


(Sabes o que é desejar trocar a vida para sentir um só suspiro?)


O erro é desejar esse sentimento perfeito na sua utópica eternidade.
Quando um Homem fala em eternidade, é como o cego que fala de luz.

Ora, se trocasse a minha existência por essa utopia
ela não passaria de um momento,
o momento pelo qual troquei a minha vida.

Mas o momento completo é exactamente isso:
aquele instante de sensações quentes e frias, agradáveis e desagradáveis, sem ou com propósito que acrescentam ao somatório daquilo que é uma vida, e que, num momento, são eternas, perfeitas, utópicas e sagradas.

Tão sagradas que dói no peito.
Todos os momentos completos são eternos,
mesmo que imperfeitos,
mesmo que encontrem um fim,
mesmo que inexplicáveis;
estão acima do correcto e do incorrecto, acima da moral e da religião, estão a cima da personalidade ou dos objectivos traçados,

estão até acima da própria felicidade

para serem realmente um milagre da vida: aquele instante em que deixas de ser quem és, de estares onde estás, de pensar para onde vais só pelo prazer de poder abraçar o momento, só pelo prazer de sentir o sangue nas veias, a carne nos ossos e a certeza
de que a vida pode ser eternamente feliz por um momento completo.

Comentários

  1. A nostalgia é uma doce brisa que por vezes nos envolve e refresca a alma...
    Como as ondas do mar que se estendem pelas costas de areia dourada, assim são os doces momentos que nos definem. Elas limpam as cicatrizes e dão-nos oportunidade de nos refazermos sem os erros que condicionaram-nos no passado. Nós somos mesmo aquilo que vivemos e espero viver o suficiente para poder olhar para trás e recordar a dádiva que as pessoas que entraram na minha vida me deixaram: O Amor num momento, num olhar, num suspiro, num beijo...

    Quando chegar esse momento (se chegar), olharei para o horizonte a agradecerei por me terem ajudado a ser quem sou.

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