Egoísmo meu.
Não me negues.
A negativa fica-te mal. Não suporto ouvi-la.
Não me contraries.
Deixa-te
ficar a ser aquilo que te pedi.
Não deixes de o ser por puro prazer de
contradição - Já te disse que precisava disto.
Preciso de
ti, mas sem título de propriedade.
Faz o que te peço.
Preciso de ti quando te deixas ficar, quando
não resistes ao que te peço.
Não é uma
ordem. É uma orientação.
Não desvies os teus actos só porque vão de encontro ao
que te peço. Deixa-te ficar.
O tempo de
me dares ordens já passou também, dissipaste-o para local desconhecido.
Chorei
por isso. Queria ter perdido para ti. Mas ganhei.
Deixa-te ser
a minha musa.
Visto-te de
cetim preto e acendo umas velas.
Também não
te quero tocar - Pelo menos não da maneira que tu pensas.
Toco-te
daqui, de onde estou sentada.
Toco-te com os olhos. Deixa-te ficar.
Deixa-te
ficar, mesmo que a fazer beicinho como uma criança.
Amua, mas deixa-te ficar.
Deixa-me
pensar em ti quando escrevo. Deixa-te ser a minha musa.
Não quero a
tua vida, nem o teu tempo, nem o teu corpo, nem as tuas ideias.
Deixa-te ser
a minha musa.
Deixa-me ser
egoísta e querer-te para minha musa, só para isso.
Depois podes deixar-me e ir
para onde gostas de estar – longe de mim.
Quero de ti
o suficiente para completar este desejo.
Deixo-te
inteiro, nem vais notar, não vai doer,
não vai faltar-te nenhum membro, nenhum
bocado de pele ou de cabelo.
O que quero
de ti fica para além do corpo e da alma.
Deixa-te ser a minha musa.
Engarrafo o
ar que libertas dos teus pulmões para o caso de amanhã me negares e eu me ver,
assim, sozinha, sem inspiração, sem cetim, sem musa.
Porque podes sempre ir embora, não me importo.
Quero-te por mim, não para mim, e, certamente, não por ti.
Puro egoísmo meu ao pedir-te para seres a minha musa.
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