Porque não amar um rochedo?

Olhar o mar e não esperar mais nada. Ser o silêncio de uma melodia clássica.
Um violino na falésia, uma gaivota no ar. Ou nada disso se não me apetecer.

Inspirar fundo ou esquecer o gesto, não respirar.

Todos os dias de sol, a qualquer hora… se te apetecer. Ou talvez não, que tenho compromissos a manter...

Vou amar um rochedo à beira mar, passear nele em silêncio
e ama-lo sem razão e sem correspondência de sentimento.

O amor correspondido é sobrevalorizado.

A beleza está no ‘senão’, no ‘talvez’, no ‘se’ e no futuro.
É algo infundado, platónico,
um monólogo mascarado de diálogo, um querer andar sozinho de mãos dadas, isso é o amor.
Conheço a paixão.
O amor guardo para o rochedo à beira mar.
Amo-o quando me apetecer, sei que ele lá estará no seu modo de ser não correspondido, por isso eterno. Vejo, com prazer, transformar-se lentamente na areia que guia o meu caminho de volta a casa.
Amo um rochedo que já foi montanha.

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