Perto do Fim.
Quero fugir,
evadir-me no espaço, não estar aqui.
Esta existência oprime-me impedindo-me de
estar noutro lugar, outro qualquer lugar, que, aposto, seria melhor que este. Quero
fugir, escapar-me para poder voltar. Antes que evadir-me no espaço quero perder-me
no tempo. Dar um tempinho para escapar.
O dia
de hoje é o último. É o ultimo que tenho para fugir. É sempre o ultimo. É sempre
a oportunidade única de evasão. Não é no espaço, já vi, mas é no tempo.
Dá-me
um tempo para fugir. Prometo que voltar é inevitável, mas neste tempo, que é o
ultimo, a minha opção será a de evasão. Talvez nem do tempo, mas de mim. Não importa,
só quero que percebas que alguma coisa está a acabar. Esta é a ultima, ou o
ultimo, de alguma coisa. Compreende o meu desespero, sinto que algo está a
acabar, e que acaba todos os dias sem eu conseguir escapar. Por isso é que
tenho que fugir. Mas volto. Porque, no futuro, quando alguma coisa estiver
novamente para acabar, quero ter algum sitio, algum tempo, de onde possa ansiar
fugir.
Por isso volto.
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